Foto: ilustrativa divulgação / Fiocruz
18/08/2025, segunda-feira
Cenário alarmante revela que 57 meninas entre 10 e 14 anos se tornam mães todos os dias no Brasil
Manaus – Um estudo recente do Instituto Azmina, com base em dados do Ministério da Saúde, revela um cenário alarmante: 57 meninas entre 10 e 14 anos se tornam mães todos os dias no Brasil, totalizando aproximadamente 20.800 partos por ano. As regiões Norte e Nordeste, incluindo estados como Amazonas e Maranhão, concentram as maiores taxas de gravidez precoce. O levantamento, parte do projeto 'Meninas Mães'.
Embora o número represente uma redução em relação a décadas passadas, a persistência dessas taxas demonstra a urgência de políticas públicas mais eficazes. A gravidez precoce não é um fenômeno isolado, mas um sintoma de vulnerabilidades extremas.
Vítimas de Vulnerabilidade
A maternidade infantil está diretamente ligada a contextos de pobreza, falta de acesso à saúde e educação. Muitas dessas meninas vivem em áreas de extrema pobreza, como periferias urbanas e zonas rurais, onde a informação sobre saúde sexual e reprodutiva e o acesso a contraceptivos são escassos.
A violência sexual é um fator crítico. Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 60% dos casos de estupro no país envolvem vítimas menores de 14 anos. Muitas dessas gestações são resultado direto dessas agressões. A prática de casamentos infantis, ainda comum em algumas regiões, agrava ainda mais o quadro, ao normalizar a união de meninas com homens mais velhos.
Desigualdades Regionais e Étnicas
As disparidades geográficas são gritantes. As regiões Norte e Nordeste concentram as maiores taxas de gravidez precoce, com destaque para estados como Amazonas e Maranhão. No Sudeste, os números são menores, mas não insignificantes, mostrando que o problema não está restrito a uma única parte do país.
O estudo aponta a população indígena como a mais afetada pela maternidade infantil. Entre os 100 municípios com as maiores taxas de fecundidade, 90 têm forte presença indígena. Esse dado sublinha a necessidade de abordagens que respeitem as particularidades culturais e sociais dessas comunidades.
Consequências Devastadoras para as Meninas e Bebês
As consequências da gravidez precoce são avassaladoras e se estendem por toda a vida. Para as meninas, os riscos à saúde são enormes, incluindo complicações como pré-eclâmpsia e partos prematuros, já que seus corpos ainda estão em desenvolvimento.
O impacto psicológico e social é igualmente profundo. As meninas-mães enfrentam estigma, abandono escolar e grandes dificuldades de inserção no mercado de trabalho, o que perpetua o ciclo de pobreza. Para os bebês, há uma maior probabilidade de baixo peso ao nascer e mortalidade infantil, fechando o ciclo de vulnerabilidade.
Este cenário exige uma ação coordenada entre governo, sociedade civil e famílias. O enfrentamento da gravidez na adolescência passa pela garantia de educação sexual nas escolas, pelo acesso universal a serviços de saúde e métodos contraceptivos e por políticas de proteção contra a violência sexual e o casamento infantil.
Com informações de assessoria
Fonte: D24am.
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