Povos indígenas do Alto Solimões protestam por proteção territorial

Fotos: Nativo Magüta

09/07/2025, quarta-feira

MANAUS (AM) – Povos indígenas de diversas etnias realizaram uma manifestação em frente ao Ministério Público Federal (MPF) em Tabatinga, município do Amazonas localizado na tríplice fronteira amazônica. O protesto ocorreu em (26/06), com a reivindicação de proteção das terras indígenas na região do Alto Solimões. O grupo foi recebido pela instituição e entregou um documento com suas reivindicações.
À tarde, os manifestantes marcharam pelas ruas da cidade conhecida como a "Princesinha do Alto Solimões", entoando cânticos sagrados, realizando rituais de guerra, carregando cartazes e gritando mensagens de resistência até chegarem à sede do MPF. Eles criticaram o descaso histórico com os povos indígenas por parte das instituições judiciais.
Cerca de dez lideranças indígenas foram recebidas para uma reunião de emergência com o procurador-geral da República em exercício no município, onde entregaram oficialmente a Carta Final do 1º Fórum Internacional Indígena sobre Segurança Pública, Justiça Social e Acordos de Paz em Contextos de Fronteira, realizado de 23 a 26 de junho na cidade. Apresentaram também demandas específicas referentes à Terra Indígena (TI) Alto Solimões.

As lideranças enfatizaram que, mesmo após o envio de ofício ao MPF com três meses de antecedência, informando sobre o fórum, nenhum representante compareceu às reuniões do movimento. Os povos indígenas presentes na manifestação eram das etnias Tikuna, Kokama, Witoto, Kanamari, Kaixana, Kambeba, Marubo, Mayuruna e Matsés.

Segundo os manifestantes, a reunião com o Ministério Público revelou que algumas medidas já estavam em andamento, como o diálogo com a 6ª Câmara do MPF para reativar a Base Anzol, na região do Alto Solimões. O Ministério Público afirmou que há diálogo e coordenação interministerial em andamento, incluindo ações conjuntas com Exército, Marinha, Polícia Federal e Fundação Nacional do Índio (Funai).

Os manifestantes denunciaram ao Ministério Público a falta de fiscalização nas margens do Rio Solimões, o que permitiu a expansão do tráfico de drogas, da extração ilegal de madeira e da pesca predatória, além da atuação de piratas e facções criminosas. Como resultado, os modos de vida tradicionais estão se deteriorando, com aumento da violência e do alcoolismo entre os jovens indígenas.

O protesto também denunciou a rápida urbanização dos territórios indígenas, com crescimento populacional e pressões externas sem planejamento adequado ou políticas públicas adaptadas às necessidades específicas das comunidades. As lideranças exigiram a criação de protocolos de resposta interministeriais, com prazos definidos e participação direta das comunidades.

A manifestação foi encerrada à noite, após o encerramento da reunião entre lideranças indígenas e o Ministério Público. A reivindicação final foi que as instituições públicas cumprissem seu dever constitucional de proteger os povos indígenas e seus territórios.

Fonte: Revista Cenarium

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